Começa nesta terça-feira (8), a partir das 19 horas, na Galeria de Vidro, a exposição “Éden”, que reúne 24 obras abstratas e inéditas da artista plástica Camila Kipper, que serão apresentadas em mostra conjunta com o origamista Elder Alves.
A entrada é gratuita. As visitações na Galeria de Vidro, dentro da Esplanada Ferroviária, ficarão abertas até 23 de novembro, das 8h às 17h30, na avenida Calógeras nº 3.015. A mostra foi financiada pelo Prêmio Ipê de Artes Visuais, uma iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Sectur).
Apesar de, como professora, ensinar técnicas diversas, Camila Kipper, que soma 14 anos de experiência na área, escolheu o abstracionismo como norte de seu trabalho autoral. O tema da exposição, “Éden”, ressignifica a alusão ao paraíso das escrituras para falar sobre natureza e sobre celebração ao feminino.
Segundo Camila Kipper, a pandemia representou mudanças e ressignificações para muita gente e com ela não foi diferente. Anteriormente mais habituada a pinturas a óleo, com o isolamento social e o fechamento de seu ateliê, ela começou a desenvolver trabalhos em aquarela, técnica que acabou aprimorando a ponto de propor uma exposição só com esses trabalhos. “A tinta óleo tem um cheiro forte, e como fiquei reduzida ao meu apartamento, comecei a desenvolver trabalhos em aquarela. Tive que reduzir também os formatos, de telas enormes para quadros pequenos”, conta Camila Kipper.
A artista Camila Kipper explica que a técnica com trabalhos em aquarela não é nada fácil e requer estudos, porque não permite erros, ou seja, é de difícil controle e o papel não aceita correções. E agora – com trabalhos desenvolvidos em aquarela e tendo o abstracionismo como norte de seu trabalho autoral – Camila Kipper inicia a desconstrução do figurativo.
De acordo com Kipper, a figuração tem uma norma, tem regras que você precisa obedecer, já o abstrato não. “Então o abstrato veio como essa força para mim, de libertação de um desejo de realizar, de fazer, de não querer copiar, mas de fazer algo que não existe, que vem de mim e que se transforma a partir do olhar de cada indivíduo”, define a artista Camila Kipper.
Já o tema da exposição, “Éden”, apesar da alusão ao paraíso das escrituras, ressignifica esse conceito para falar sobre natureza e sobre celebração ao feminino. “Sou muito embasbacada com as belezas naturais, desde pequena ficava olhando as flores e pensando que eram uma expressão do divino. No meu trabalho, mesmo abstrato, tem uma questão forte com as cores e com a natureza, são florais sem ser, pássaros sem ser pássaros. Eu sempre tive, também, essa força de questionar por que a mulher não é reconhecida, não só no mercado de trabalho, mas na sociedade em geral, falta um reconhecimento do potencial feminino”, detalha Camila Kipper.
Pensando sobre como a gente usa e abusa dos recursos naturais, o tema ‘Éden’ é uma provocação que eu faço, é uma fusão do feminino e da natureza, porque são seres constantemente desrespeitados”, define.
Assim, o “Éden” proposto pretende chamar atenção para a responsabilidade que se tem em preservar as riquezas naturais e, ao mesmo tempo, de combater a misoginia. “A ideia de comunhão com a natureza e de pertencimento foram as premissas que nortearam minha pesquisa. Acredito que tanto a natureza como a mulher não se deixam aprisionar por muito tempo, mas estão sempre em transformação”, completa a artista.
Em mostra coletiva, Camila vai expor seus trabalhos junto com o origamista Elder Alves. “Eu sou uma pessoa muito do conjunto, acho que quando compartilhamos crescemos muito mais, então pensei em como juntar meu trabalho com o dele de maneira que conversasse”, conta. Como a aquarela tem a transparência como característica, ela transformou 14 de suas obras em luminárias, fazendo da exposição um belo jardim que integra o origami com a arte abstrata.
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